São Paulo, 29 de Fevereiro de 2008 – Numa iniciativa inédita, a diretoria executiva da BR Distribuidora aboliu terno, gravata e salto alto até o fim do verão, instituindo o traje informal. Paulo Otto von Sperling, gerente executivo de Relações Institucionais da BR, responsável pela medida, explica: “A companhia decidiu abolir o uso do terno, da gravata e do salto alto até o fim do verão. Mas a força de trabalho continua a cultivar uma aparência pessoal e vestuário compatíveis com o ambiente institucional e cultural em que atua. A tendência é de que a roupa casual se torne padrão. Nossa produtividade aumentou, a ambiência melhorou”, afirma.

“Trabalhando com o casual day estendido a todos os dias da semana, as pessoas se sentem mais à vontade, livres da obrigação de usar trajes reconhecidamente inapropriados para o calor carioca, como o terno e gravata e salto alto, e assim produzem mais e melhor”, completa o executivo. Seus colegas comemoraram a decisão. Querem que a medida se estenda para os outros meses do ano, não só no verão.

O caso abriu discussões entre dirigentes brasileiros, que têm opiniões divididas sobre o melhor traje para um executivo trabalhar. Marcelo Toledo, diretor da Paig Brasil, um jovem rapaz que usa, diariamente, ternos impecáveis, diz que “adoraria aposentar o traje”, ou, ao menos, usar um “uniforme” mais simples e menos calorento. “Já trabalhei no marketing da Microsoft, nos Estados Unidos, ao lado de Bill Gates. Sabe o que ele usava todos os dias? Calças cáqui, pólos pastéis e qualquer tipo de sapatos. Isso prova que querer impressionar por meio da aparência pode ser uma coisa muito relativa”, observa.

“Seria excelente se pudesse usar as mesmas roupas de meu cliente. Se, num encontro, eu estou de terno e ele usa jeans, isso pode intimidá-lo de alguma forma. Se ele está de terno e eu de chinelos de borracha, pode ser que ele não me dê credibilidade”, filosofa o jovem executivo.

No mesmo restaurante em que Marcelo Toledo fazia um happy hour com amigos, em uma mesa próxima, Sérgio de Nadai, diretor-presidente da Denadai Alimentação, estava usando uma gravata de cetim verde amarrada na cabeça. “Faço de tudo para fugir do terno e da gravata. Isso aqui é um horror”, diz, apontando o paletó. “Essa atitude da BR é uma maravilha”, observa o empresário, que tem como cliente a distribuidora.

“Com esta gravata na cabeça, assim, parece que ele fez o movimento inverso dos anos 60 aos 80. De yuppie virou hippie com a maior facilidade”, diz um amigo, enquanto alguns vizinhos de mesa caem na gargalhada. “Você está indo contra a moda, que é ser metrossexual hoje”, diz um outro integrante da roda de amigos.

O certo é que trabalhar ou não em traje social pode dividir as opiniões. Chieko Aoki, CEO do Blue Tree Hotels, por exemplo, diz que seus hóspedes podem andar descalços nos hotéis da rede, mas seus funcionários têm que estar impecavelmente vestidos. “Há profissões que são mais permissivas. A minha não é”, diz ela, que usa um tailleur de cetim prata de uma grife japonesa, por ocasião desta entrevista. “O ex-primeiro ministro japonês (Koizumi) tentou abolir o terno entre seus iguais durante o verão japonês. Teve que voltar atrás. Japonês é super formal”, diz.

Renata Mello, economista e consultora da área de imagem corporativa, diz que, não importa se de terno, salto alto, ou roupa casual, o importante é que os funcionários de uma empresa tenham bom senso ao se vestirem. “Algumas mulheres confundem casual day com balada, e exageram na minissaia, no umbigo de fora e nos decotes. Homens também podem errar ao deixar o terno no armário. Muitos acham que podem se vestir como se estivessem indo jogar futebol.” A dica que a consultora dá é prestar atenção a cada detalhe. A começar pelas meias, ou ausência delas.

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Fonte: Gazeta Mercantil