SÃO PAULO – Pode parecer pouco provável que uma atitude corriqueira, como passar uma hora inteira falando de amenidades, ou ter o costume de dar palpites quanto ao trabalho alheio, cause estragos na carreira de alguém.

Mas incomodar os colegas de trabalho prejudica a avaliação de desempenho e é um passo para a demissão ou a estagnação. A diretora da consultoria de imagem RMML, Renata Mello, explica: “as pessoas começam a falar que determinado colega é cansativo e, cedo ou tarde, o comentário chega aos ouvidos do chefe, aquele que é responsável pelas decisões de promoção…”.

Passando do limite

Toda empresa tem pelo menos uma pessoa que é daquelas que sempre extrapolam os limites, incomodando o trabalho alheio, observa Renata. A lista de atitudes condenáveis não é pequena:

* Falar de assuntos que nada têm a ver com o trabalho, quando os colegas estão tentando se concentrar;
* Dar palpites sobre o que deveria ser feito, inclusive para pessoas que não são do seu departamento, e sobre assuntos que não domina completamente;
* Ficar falando no telefone da empresa ou no celular, e em voz alta;
* Fazer perguntas ao superior com freqüência, quando a explicação já havia sido dada;
* Discutir insistentemente religião, política, times de futebol ou outros temas mais polêmicos, como se ninguém tivesse muito trabalho para fazer.

Proatividade em excesso?

Principalmente o profissional que deseja crescer na empresa pode se tornar desagradável e não perceber. Na ânsia de mostrar competência e deixar claro para a chefia que tem uma visão estratégica do todo, ele pode começar a querer dar palpites aos colegas de trabalho, do seu próprio departamento e dos outros setores da empresa também.

Mas cada um sabe muito bem o que precisa fazer. E mais: as pessoas já têm seus superiores diretos. Elas não precisam de mais chefes. A atitude, ainda por cima, pode ser arriscada. Imagine a seguinte situação: o profissional vende projetos exclusivamente para empresas do mercado interno e, um dia, decide que a forma como as propostas de venda são feitas pelo departamento que cuida das exportações precisa mudar.

Como quem não quer nada, ele dá essa orientação para o departamento de exportações. E consegue o que queria. Passado algum tempo, no entanto, tem uma surpresa: a venda não se concretizou. Quem vai ficar com a imagem prejudicada? Ele, porque deu palpite quanto a um assunto que não dominava.

“É uma atitude muito imatura. Se deseja crescer, dê o seu melhor dentro da sua função, sem se intrometer no trabalho alheio. Existe um limite para a proatividade”, garante a especialista em etiqueta profissional. O palpiteiro enfrenta mais um problema: com o passar do tempo, ele perde a credibilidade e passa a ser visto como incoerente pelos colegas de trabalho.

A hora certa para interromper alguém

É preciso ter muito cuidado antes de interromper um colega. Por exemplo, caso queira falar com alguém de outro departamento, mas sabe que a pessoa anda muito ocupada, é de bom tom ligar para o ramal dela antes. Outra dica: não chame a atenção do colega à toa. Tenha certeza de que o assunto é relevante.

Caso você seja a vítima da história e tenha problemas constantes com um colega que o incomoda, imponha um limite. “Se ele quer conversar com algo relacionado ao trabalho, mas você está terminando um projeto muito importante, diga que daqui a uma hora irá falar com ele. Agora, se o assunto não tem relação com o trabalho, diga, numa boa, que está muito ocupado e não pode se desconcentrar”, aconselha Renata.

Por fim, vale lembrar que perturbar a todo o momento o superior direto pode ser um erro fatal e até mesmo causar demissão. Ainda mais se suas dúvidas já haviam sido esclarecidas anteriormente!

Então fica a dica: toda vez que seu chefe ou orientador explicar algo, anote. Se não entender o que ele quis dizer, pergunte na mesma hora. Ainda assim, restaram dúvidas? No lugar de passar o dia fazendo perguntas, peça para que ele chegue meia hora mais cedo ou saia meia hora mais tarde para que possa sanar todas as dúvidas de uma só vez, sem prejudicar a rotina de trabalho.

Publicado em:

InfoMoney
UOL
MSN